quinta-feira, 25 de março de 2010

Lucifer ou Satanás


INTRODUÇÃO

"A maior façanha do diabo foi convencer a todos de que ele não existe."

Charles Baudelaire – O Jogador Generoso – 1864


Vivemos numa época de ceticismo, imersos num mundo materialista...

Parte do processo que tem levado a humanidade a uma crescente decadência em termos morais e espirituais deriva da negação da antiga personificação do Mal, a antiga "serpente", também conhecida como Satanás.

Avançando na descrença, as tradições são vistas como obstáculos contrários ao direito de ser e pensar livremente, anunciado pelo advento de uma "Nova Era". O imediatismo consumista e o mau exemplo dos que ocupam as lideranças sociais conduzem a uma perigosa perda de referências no discernimento entre o certo e o errado. Diante da idéia de que o Mal não existe, florescem os apelos para o usufruto dos prazeres de uma vida sem culpas; sem o peso do pecado que nada mais seria do que uma forma de controle instituída pelas religiões. Principalmente, a cristã.

Um dos grandes chamarizes desse convite à liberdade que facilmente converge para a libertinagem, abrindo portas para todos os vícios, é o objetivo indefinido de uma expansão da consciência. Deus é transformado numa inteligência universal amorfa com a qual podemos nos sintonizar através de métodos de meditação e a comunhão com uma fraternidade de mestres responsáveis pela evolução humana, no mesmo nível de Cristo.

Fazer com que o homem simplesmente negasse a existência de Deus seria impraticável, pois crer em Deus e clamar por sua misericórdia sempre resulta positivo. Ninguém estaria disposto a abrir mão daquilo lhe faz bem sem receber algo em troca. A solução para negar a Deus surge, indiretamente, pela negação de Satanás. Negar a existência do Mal, recebendo um simulacro de liberdade onde tudo é permitido, conduz à uma efêmera sensação de conforto e bem estar derivada da gratificação dos sentidos. Essa é uma troca tão comum quanto sutil...

Como combater algo cuja existência nós repudiamos e, portanto, passamos a não enxergar? Iludido pelo propósito de conhecer a si mesmo, através de um individualismo experimental que nada condena e ainda ensina que a vontade pessoal é a única lei, o homem corre o risco de se envolver em práticas que corrompem a moral e os bons costumes, comprometendo a sua saúde física, mental e espiritual. E por ignorar a natureza do Mal, torna-se, ele próprio, o mais perfeito canal para a sua expressão.

É necessário que a noite exista para que possamos enxergar as estrelas e reconhecer a luz de cada amanhecer. Satanás virou motivo de piada e deboche, identificado com superstições da crendice popular e aberrações das crenças religiosas. Mas a conseqüência de ignorar a existência do Mal é ignorar igualmente a existência do Bem, perdendo-se de seus princípios num mundo cujo verdadeiro príncipe é o próprio Diabo que apenas sorri e agradece.


O IMITADOR DE DEUS




“O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe:
- Dar-te-ei tudo isto, se prostrando-te diante de mim, me adorares.
Respondeu-lhe Jesus:
- Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás.”

Mateus 4, 8-10


Satanás é um usurpador!

É importante ter em mente a noção de que, desde o princípio dos tempos, ele quis ocupar o lugar de Deus no coração dos homens.

Uma vez que isto esteja bem claro, ficará bem mais fácil reconhecer muitas das suas artimanhas, utilizadas para confundir os homens. Boa parte delas se dá através de jogos de palavras e da perversão ou limitação de seus reais significados.

Sem dúvida, uma delas é a distorção da relação existente entre Vênus (a estrela da manhã, estrela d’alva ou estrela matutina) e Lúcifer.

Sabemos que Lúcifer é uma das denominações utilizadas para identificar o Anjo Caído. Mas é também uma metáfora que granjeia atributos de glória e beleza. Pelo que nos ensina a Bíblia, antes de se tornar ha-Satan (hebraico, “o Acusador”) ou al-Shaitan (árabe, “O Adversário”), o Diabo era um anjo de esplendida majestade, daí ser honrado com uma analogia à estrela da manhã. Jesus diz que ele “não se firmou na verdade” (João 8, 44), o que conduz à dedução de que ele já esteve nela algum dia e, até se rebelar, desfrutou de prestígio junto ao Criador.

Ainda, biblicamente falando, o termo “Estrela d’Alva” parece não estar mesmo destinado a ser uma referência exclusiva, servindo como analogia para representar mais do que um único ser:




“Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?”

Jó 38,7

(fonte: http://spirittvonline.blogspot.com)

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